18 março 2008

ALGUÉM PASSOU...


Alguém passou. E a sua sombra,
como um manto que tomba
de um gesto lânguido ficou no meu caminho.

Ora, o sol já se foi e a noite vem devagarinho.
E, no entanto,
a sombra continua,
Nítida e nua,
atirada na terra como um manto.

Faz frio.
Corre pelo meu corpo um áspero arrepio...
E um desejo me vem, tímido e louco,
de agasalhar-me um pouco
nesse manto de sombra morna.

Mas alguém
Voltou na noite pálida:
volta para buscar sua sombra esquecida.

É dia. E, pela estrada melancólica e árida,
vai tremendo de frio a minha vida...


Guilherme de Almeida


Nota sobre esse poema: recentemente comprei meu primeiro livro de poemas de Guilherme de Almeida. Entre muitos outros lindos poemas, esse foi um dos que mais gostei. Infelizmente, ao procurar na internet para ver se já tinha sido publicado, achei um impostor que publicou com seu próprio nome. Será que essas pessoas realmente pensam que ninguém pode descobrir o plágio? Mais do que triste é uma vergonha, e lamentavelmente, isso acontece muito na internet!

3 comentários:

devaneiosaovento disse...

Querida Carol

existem poesias que me deixam sem saber expressar o que transmite pelos sentimentos que tomam conta aqui,do meu coração...acho que o meu lado poético, me deixa assim, meio emocionada

gostei muito
aqui sempre uma descoberta maravilhosa,

um bj
e bons votos de uma semana iluminada

Marilac disse...

Oii Carol,
Linda poesia, não conhecia!

Como disse a Edna, algumas poesias despertam tantas emoções que fica dificil expressar o que sentimos.Essa é assim...

Quanto ao fato de terem publicado sem informar o autor é realmente lamentável.

Bjs
Lindo o template de Pascoa!!!

bjs
Marilac

Bê Galvão disse...

Encontrei seu blog ao procurar esta poesia do Guilherme de Almeida, e queria aproveitar para sugerir outra:

FELICIDADE [Guilherme de Almeida]

Ela veio bater à minha porta
e falou-me, a sorrir, subindo a escada:
"Bom dia, árvore velha e desfolhada!"
E eu respondi: "Bom dia, folha morta!"

Entrou: e nunca mais me disse nada...
Até que um dia (quando, pouco importa!)
houve canções na ramaria torta
e houve bandos de noivos pela estrada...

Então, chamou-me e disse: "Vou-me embora!
Sou a Felicidade! Vive agora
da lembrança do muito que te fiz!"

E foi assim que, em plena primavera,
só quando ela partiu, contou quem era...
E nunca mais eu me senti feliz!