25 agosto 2009

Passará


Passerà:

Le canzoni non si scrivono
ma nascono da sé
son le cose che succedono
ogni giorno intorno a noi
le canzoni basta coglierle
ce n'e' una anche per te
che fai più fatica a vivere
e non sorridi mai.


le canzoni sono zingare
e rubano poesie
sono inganni come pillole
della felicità
le canzoni non guariscono
amori e malattie
ma quel piccolo dolore
che l'esistere ci da'
passerà, passerà
se un ragazzo e una chitarra sono li
come te, in città
a guardare questa vita che non va
che ci ammazza d'illusioni
e con l'età delle canzoni


passerà su di noi
finiremo tutti in banca prima o poi
coi perché, i chissà
e le angosce di una ricca povertà
a parlare degli amori che non hai
a cantare una canzone che non sai come fa
perché l'hai perduta dentro
e ti ricordi solamente


passerà ....
in un mondo di automobili
e di gran velocità
per chi arriva sempre ultimo
per chi si dice addio
per chi sbatte negli ostacoli
della diversità
le canzoni sono lucciole
che cantano nel buio
passerà prima o poi
questo piccolo dolore che c'e' in te
che c'e' in me, che c'e' in noi
e ci fa sentire come marinai
in balia del vento e della nostalgia
a cantare una canzone che non sai
come fa
ma quel piccolo dolore che sia odio, o che sia amore


passerà
passerà, passerà
anche se farai soltanto la la la
passerà, passerà
e a qualcosa una canzone servirà
se il tuo piccolo dolore
che sia odio o che sia amore
passerà

19 agosto 2009

CARTA

Fotografia: ©Carol Timm

Há muito tempo, sim, que não te escrevo.
Ficaram velhas todas as notícias.
Eu mesmo envelheci: Olha, em relevo,
estes sinais em mim, não das carícias

(tão leves) que fazias no meu rosto:
são golpes, são espinhos, são lembranças
da vida a teu menino, que ao sol-posto
perde a sabedoria das crianças.

A falta que me fazes não é tanto
à hora de dormir, quando dizias
“Deus te abençoe”, e a noite abria em sonho.

É quando, ao despertar, revejo a um canto
a noite acumulada de meus dias,
e sinto que estou vivo, e que não sonho.


©Carlos Drummond de Andrade
Lição de Coisas

17 agosto 2009

Amigo é CASA


Amigo é Casa

Compositor: Capiba / Hermínio Bello De Carvalho

Amigo é feito casa que se faz aos poucos
e com paciência pra durar pra sempre
Mas é preciso ter muito tijolo e terra
preparar reboco, construir tramelas
Usar a sapiência de um João-de-barro
que constrói com arte a sua residência
há que o alicerce seja muito resistente
que às chuvas e aos ventos possa então a proteger
E há que fincar muito jequitibá
e vigas de jatobá
e adubar o jardim e plantar muita flor toiceiras de resedás
não falte um caramanchão pros tempos idos lembrar
que os cabelos brancos vão surgindo
Que nem mato na roceira
que mal dá pra capinar
e há que ver os pés de manacá
cheínhos de sabiás
sabendo que os rouxinóis vão trazer arrebóis
choro de imaginar!
pra festa da cumieira não faltem os violões!
muito milho ardendo na fogueira
e quentão farto em gengibre
aquecendo os corações
A casa é amizade construída aos poucos
e que a gente quer com beira e tribeira
Com gelosia feita de matéria rara
e altas platibandas, com portão bem largo
que é pra se entrar sorrindo
nas horas incertas
sem fazer alarde, sem causar transtorno
Amigo que é amigo quando quer estar presente
faz-se quase transparente sem deixar-se perceber
Amigo é pra ficar, se chegar, se achegar,
se abraçar, se beijar, se louvar, bendizer
Amigo a gente acolhe, recolhe e agasalha
e oferece lugar pra dormir e comer
Amigo que é amigo não puxa tapete
oferece pra gente o melhor que tem e o que nem tem
quando não tem, finge que tem,
faz o que pode e o seu coração reparte que nem pão.

10 agosto 2009

Viajar...

Fotografia em Olinda: ©CAROL TIMM


Viajar é trocar a roupa da alma.

©Mario Quintana

01 agosto 2009

Canto de Ariana: Canção IV




Do Álbum: Ode Descontínua e Remota para Flauta e Oboé
- De Ariana para Dionísio

Poemas de Hilda Hilst

Música de Zeca Baleiro

Intérprete:
Jussara Silveira