25 junho 2008

Perguntaram ao Dalai Lama

Fotografia: ©António Guimarães


- Dalai Lama, o que mais te surpreende na humanindade?

- Os homens...

Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde!

E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro.

Vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido.

21 junho 2008

Tenho um decote pousado no vestido...

Fotografia: ©Leo Carvalho

Tenho um decote pousado no vestido e não sei se voltas,
mas as palavras estão prontas sobre os lábios como
segredos imperfeitos ou gomos de água guardados para o verão.
E, se de noite as repito em surdina, no silêncio
do quarto, antes de adormecer, é como se de repente
as aves tivessem chegado já ao sul e tu voltasses
em busca desses antigos recados levados pelo tempo:

Vamos para casa? O sol adormece nos telhados ao domingo
e há um intenso cheiro a linho derramado nas camas.
Podemos virar os sonhos do avesso, dormir dentro da tarde
e deixar que o tempo se ocupe dos gestos mais pequenos.

Vamos para casa. Deixei um livro partido ao meio no chão
do quarto, estão sozinhos na caixa os retratos antigos
do avô, havia as tuas mãos apertadas com força, aquela
música que costumávamos ouvir no inverno. E eu quero rever
as nuvens recortadas nas janelas vermelhas do crepúsculo;
e quero ir outra vez para casa. Como das outras vezes.

Assim me faço ao sono, noite após noite, desfiando a lenta
meada dos dias para descontar a espera. E, quando as crias
afastarem finalmente as asas da quilha no seu primeiro voo,
por certo estarei ainda aqui, mas poderei dizer que, pelo
menos uma ou outra vez, já mandei os recados, já da minha
boca ouvi estas palavras, voltes ou não voltes.

©Maria do Rosário Pedreira

Em "A Casa e o Cheiro dos Livros"


Este e outros poemas dessa maravilhosa poetisa portuguesa, que passerei a publicar sempre na Casa de Leitura é desse livro lindo, que veio de longe.

"A Casa e o Cheiro dos Livros" saiu das prateileiras da FNAC de Lisboa para as mãos da minha amiga Marilac, que lá esteve no mês de Maio de 2008. Então voou de avião para Fortaleza e de lá veio numa linda encomenda pelo correio para mim.

Por esse e tantos outros motivos foi mais difícil escolher o primeiro poema do livro para publicar. Embora eu já esteja até relendo esse livro maravilhoso, que é muito especial para mim.

A Mari publica no Sentimentos e Palavras e neste momento tem um post lindo sobre Aveiro, um dos belos lugares visitados por ela na recente viagem a Portugal.


15 junho 2008

TESTAMENTO

Fotografia: ©Reuters

Deixo-te
os olhos do mar
e o instante
que se ergue,
sustentando luz;

a singeleza
das flores,
a melodia dos ventos
e as palavras
que, em tempo,
não te puderam ser ditas.

A lua brilhará para ti
no absoluto silêncio
das linguagens eternas.

E teu olhar,
transcendendo as linhas do
horizonte,
repousará no recôndito espaço imaginado
desses versos que te faço.

©Rose

Do lindo blog... Eternessências


Ceumar - Cantiga

12 junho 2008

Moro na possibilidade

Pintura: ©Iman Maleki

Moro na possibilidade
Casa mais bela que a prosa,
Com muito mais janelas
E bem melhor, pelas portas

De aposentos inacessíveis
Como são, para o olhar, os cedros,
E tendo por forro perene
Os telhados do céu

Visitantes, só os melhores;
Por ocupação, só isto:
Abrir amplamente minhas mãos estreitas
Para agarrar o paraíso

©Emily Dickinson

Em "Poemas Escolhidos"


10 junho 2008

Imagem

Fotografia: ©Guilherme Limas

Quem de repente o susto de um encanto me impõe,
um tão súbito encanto
que é espanto e som,
quem meu nome murmura
e de repente muda
todo o tom de uma tarde
com suas voz que arde,
quem suas horas de ouro
vem de passo me abrir
não és tu, com certeza.
É o eterno de ti.

©Renata Pallotini

Em “Chão de Estrelas”

Diana Krall - Autumn Leaves



05 junho 2008

Planeta Água

Fotografia: ©Egretta Garzetta

Planeta Água
Guilherme Arantes

Água que nasce na fonte
Serena do mundo
E que abre um
Profundo grotão
Água que faz inocente
Riacho e deságua
Na corrente do ribeirão...

Águas escuras dos rios
Que levam
A fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias
E matam a sede da população...

Águas que caem das pedras
No véu das cascatas
Ronco de trovão
E depois dormem tranqüilas
No leito dos lagos
No leito dos lagos...

Água dos igarapés
Onde Iara, a mãe d'água
É misteriosa canção
Água que o sol evapora
Pro céu vai embora
Virar nuvens de algodão...

Gotas de água da chuva
Alegre arco-íris
Sobre a plantação
Gotas de água da chuva
Tão tristes, são lágrimas
Na inundação...

Águas que movem moinhos
São as mesmas águas
Que encharcam o chão
E sempre voltam humildes
Pro fundo da terra
Pro fundo da terra...

Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água...(2x)

Água que nasce na fonte
Serena do mundo
E que abre um
Profundo grotão
Água que faz inocente
Riacho e deságua
Na corrente do ribeirão...

Águas escuras dos rios
Que levam a fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias
E matam a sede da população...

Águas que movem moinhos
São as mesmas águas
Que encharcam o chão
E sempre voltam humildes
Pro fundo da terra
Pro fundo da terra...

Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água...(2x)

01 junho 2008

Romance

Pintura: ©Toulouse Lautrec

Romance

E cruzam-se as linhas
no fino tear do destino.
Tuas mãos nas minhas.

©Guilherme de Almeida


SECRET GARDEN - Song From a Secret Garden



PS: Descubra um pouco mais de Guilherme de Almeida no RELEITURAS