12 outubro 2007

"Não Tem Como Se Sentir Solitário Com o BLOG"

Foto: Fabrício Carpinejar

Entrevista: Fabrício Carpinejar, poeta e jornalista

O poeta e jornalista Fabrício Carpinejar criou o seu blog em 2003 como uma forma de exercício público.

- Eu queria perder aquela arrogância da gaveta. A arrogância da gaveta é eu pensar que estou pronto.

Para ele, o blog lhe oferece a liberdade da atualização e é também uma necessidade de decifrar o leitor.

DC - Como é o retorno dos leitores?

Carpinejar - É uma convivência saborosa. Tem leitores que me acompanham desde 2003 pelo blog, com seus nomes e codinomes, que eu chego a imaginar eles, como eles são. É fascinante porque eles estão fazendo um blog dentro do meu blog. Pelos comentários que eles deixam eu percebo o temperamento, o caráter, a carência, a necessidade, o que eles pensam, o que eles desejam. Não tem como se sentir solitário com o blog. Você está povoando a sua solidão, abrindo sua solidão. O blog não é uma ferramenta. É mais do que isso. É um espaço para exercer a literatura em estado bruto. E também atualização. Vai que eu escreva um texto e pense "ah não tá tão bom assim" e vá lá mudar. Eu sempre tive um sonho, como jornalista, de ser meu próprio editor. No blog, que é um espaço mais de crônica, eu faço minhas reuniões de pauta comigo mesmo.

DC - Em que momentos você costuma escrever no blog?

Carpinejar- Sempre de manhã. Chega a ser doentio. Eu faço a lista daqueles lugares comuns que podem ser desfeitos, ou seja, aquela agulhada própria da crônica. A crônica vai desfazer um condicionamento. A crônica acorda assuntos dorminhocos. Eu tenho uns quatro ou cinco temas e discuto comigo mesmo qual vai ser a crônica do momento. Hoje (terça-feira) estou pensando em escrever uma crônica sobre aquela mentira de que quem volta das férias fica mais disposto. Toda vez que eu volto de férias, eu não volto disposto. Eu volto com raiva do trabalho, eu volto com vontade de pedir demissão. Você percebe que tudo que você faz é meio inútil. Eu demoro muito tempo pra ficar disposto.

DC - Você também reproduz material que sai na imprensa.

Carpinejar - Eu sou um provador de roupas, sou vários personagens. Sempre tento chamar a atenção para aspectos que podem ser trabalhador por outras pessoas e agentes culturais nas suas cidades. E também tem a questão do "persona". Quanto mais eu me mostro mais eu me guardo. Eu sempre digo que se você quer guardar um segredo, conta. Porque, aí, você não vai ser prisioneiro dos segredos. Eu conto meus segredos e muitas vezes os misturo com a ficção.

DC - E a idéia do consultório poético?

Carpinejar - Eu parto do princípio que onde você não espera encontrar um poeta, eu vou estar. Eu sou um terrorista. Você imagina que um poeta vai responder dúvidas amorosas? Não! Mas lá estou eu. A poesia tem capacidade de dar humor. Eu recebo mais de 50 e-mails por semana de pessoas que pedem um norte, e evidentemente como um poeta eu dou o sul. As pessoas estão procurando mais atenção, audição, elas querem ser ouvidas. Acho muito importante esse consultório poético pela aproximação, pela empatia. O blog foi meu auditório. Agora eu falo sem parar.

Publicado no jornal Diário Catarinense, caderno Variedades
Florianópolis (SC), 11/10/07, Edição nº. 7853
Leia a matéria na íntegra de KARINE RUY no caderno Variedades.
Para acessar o blog do Poeta Carpinejar acesse AQUI!

09 outubro 2007

Histórias ZEN

O Sonho

Certa vez o mestre taoísta Chuang Tzu sonhou que era uma borboleta, voando alegremente aqui e ali. No sonho ele não tinha mais a mínima consciência de sua individualidade como pessoa. Ele era realmente uma borboleta.

Repentinamente, ele acordou e descobriu-se deitado ali, uma pessoa novamente.

Mas então ele pensou para si mesmo:

"Fui antes um homem que sonhava ser uma borboleta, ou sou agora uma borboleta que sonha em ser um homem?"

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Isso também passará

Um praticante foi até o seu professor de meditação, tristemente, e disse: "Minha prática de meditação é horrível! Ou eu fico distraído, ou minhas pernas doem muito, ou eu constantemente fico com sono. É simplesmente horrível!!!!"

"Isso passará," o professor disse suavemente.

Uma semana depois, o estudante retornou ao seu professor, eufórico: "Minha prática de meditação é maravilhosa! Eu sinto-me tão consciente, tão pacífico, tão relaxado, tão vivo! É simplesmente maravilhoso!!!!!

"O mestre disse tranqüilamente: "Isso também passará."


Outras Histórias de ZEN BUDISMO são encontradas AQUI

06 outubro 2007

Pensamento de Bakunin

Do anarquista russo do século 19, Mikhail Bakunin (1814-1876):


"Assim, sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar esta questão, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada.

Esta minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e pôr-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo.

Quem duvida disso não conhece a natureza humana."


Leia mais sobre Mikhail Bakunin - AQUI!

04 outubro 2007

Madre Teresa de Calcutá

Pintura de Luciana Teruz


Muitas vezes o povo é egocêntrico, ilógico e insensato.
Perdoe-o assim mesmo.

Se você é gentil, o povo pode acusá-la de egoísta, interesseira.
Seja gentil assim mesmo.

Se você é uma vencedora, terá alguns falsos amigos e alguns inimigos verdadeiros.
Vença assim mesmo.

Se você é honesta e franca, o povo pode enganá-la.
Seja honesta e franca assim mesmo.

O que você levou anos para construir, alguém pode destruir de uma hora para outra.
Construa assim mesmo.

Se você tem paz e é feliz, o povo pode sentir inveja.
Seja feliz assim mesmo.

O bem que você faz hoje, o povo pode esquecê-lo amanhã.
Faça o bem assim mesmo.

Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode nunca ser o bastante.
Dê o melhor de você assim mesmo.

Veja você que, no fim das contas, é entre você e Deus.
Nunca foi entre você e o povo.


Madre Teresa de Calcutá