20 julho 2008

A M I G O S


Aqueles cujas lembranças me vêem sempre a cabeça e ao coração
Cujos rostos vejo mesmo estando distantes
Dos quais as lembranças são sempre gratas e ternas.

Estes companheiros acidentais
Trazidos pela vida, vindo de estradas diferentes
Esse em quem o meu olhar se perdeu
Cujo toque me traz energia.

A eles conto histórias de minha vida
Ouso tantas outras
E distraídos vamos colhendo aprendizado

Amigos novos
Velhos amigos
Com quem já sorri
Chorei

Amigos
Mimos Preciosos
Inteiramente sinceros
Gulosos no querer
Objetos de minha alegria
Sinceros e, verdadeiramente meus
Amigos

Teresa Cristina Fraga

Para a autora desse poema, minha amiga de longe mas que acompanho na poesia
e no comtemplar as pequenas delicadezas da vida e que em poucos dias fará aniversário, desejo um Maravilhoso Dia do Amigo!




Na Semana da AMIZADE, ganhei um lindo presente da nova amiga Gabriella,
e fiquei muito, muito feliz... Os textos dela podem ser lidos no Horizonte Máximo.

Seria difícil, dentre tantos queridos amigos da net,
escolher alguns, então este Selinho será de quem passar aqui
e quiser levá-lo para o seu cantinho na internet!

18 julho 2008

Poema em linha reta

Fotografia: Tiago Barata

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)

12 julho 2008

Flor do Desejo

Fotografia: ©Carol Timm

A flor do desejo e do maracujá
Eu também quero beijar...
Haja fogo, haja guerra, haja a guerra que há
Eu também quero beijar
Do Farol da Barra ao Jardim de Alá
Eu também quero beijar
De pele morena daquela acolá
Eu também quero beijar


Beijo a flor, mas a flor que eu desejo eu não posso beijar
Ai ai amor, haja fogo, haja guerra, haja guerra, o que há.
Teu cheiro é o marinheiro do barco fantasma que vai me levar
Mundo inteiro, haja fogo, haja guerra, haja guerra, o que há
Teu cheiro


©Cidade Negra