Fotografia: Carol Timm - Vista do Corcovado, 2011
Olá, Senhor!
Escreve-te
um poeta menor,
uma voz do coro,
um pequeno pinheiro do pinhal,
um clarinete na orquestra da escola.
Achas que é assim tão
fácil, Senhor,
ser uma voz no coro,
um peixe na água,
não perturbar a Tua ordem?
Pior, porém, é o destino gelado
desses que foram feitos para serem
o primeiro violino
ou o pico mais alto da montanha.
A nós não nos custa nada afundar,
ano sim ano sim, dia após dia,
as nossas raízes no mais fundo
e praticar as nossas escalas
esperando que o maestro,
posicionado no seu lugar,
aponte a sua batuta -
então um solo sublime começa a soar
levando às lágrimas as próprias montanhas.
Marina Boroditskaya
(Versão do LP - do blog Do trapézio, sem rede - a partir da tradução inglesa de Ruth Fainlight reproduzida em An anthology of contemporary russian women poets, selecção de Valentina Polukhina e Daniel Weissbort, University of Iowq Press, Iowa Press, 2005, pp. 19-20).
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