Ilustração: ©Slawek Gruca
A arte de perder não é nenhum mistério;
tantas coisas contêm em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
lugares, nomes, a escala subseqüente
da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. E um império
que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo
que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser mistério
por muito que pareça (Escreve!) muito sério.
©Elizabeth Bishop
Tradução: Paulo Henriques Britto
Poema postado pelo DIA NACIONAL DA POESIA!
Um comentário:
Carol,
Belo poema sobre a arte de perder.
Algumas perdas são mesmo necessárias e é um aprendizado seguir mais leve sem lamentar o que perdemos.
Tenho refletido sobre perdas e danos.
bjs
com carinho,
Msrilac
Liguei na segunda para lhe dar os parabéns pelo dia da poesia.
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