Ilustração: ©Rebecca Dautremer
Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruímos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma possuirá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.
Aqui, deposta enfim a minha imagem,
Tudo o que é jogo e tudo o que é passagem.
No interior das coisas canto nua.
Aqui livre sou eu — eco da lua
E dos jardins, os gestos recebidos
E o tumulto dos gestos pressentidos
Aqui sou eu em tudo quanto amei.
Não pelo meu ser que só atravessei,
Não pelo meu rumor que só perdi,
Não pelos incertos atos que vivi,
Mas por tudo de quanto ressoei
E em cujo amor de amor me eternizei.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruímos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma possuirá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.
Aqui, deposta enfim a minha imagem,
Tudo o que é jogo e tudo o que é passagem.
No interior das coisas canto nua.
Aqui livre sou eu — eco da lua
E dos jardins, os gestos recebidos
E o tumulto dos gestos pressentidos
Aqui sou eu em tudo quanto amei.
Não pelo meu ser que só atravessei,
Não pelo meu rumor que só perdi,
Não pelos incertos atos que vivi,
Mas por tudo de quanto ressoei
E em cujo amor de amor me eternizei.
Sophia de Mello Breyner Andresen
7 comentários:
Carol,
sempre um prazer aqui estar
adoro Sophia de Mello, a grande poetisa portuguesa que tinha em especial o mar como fonte de inspiração em quase todos os poemas
Esse poema já o conhecia, mas ficou com um "toque" todo especial com essa bela imagem.
abraço grande
Carol,esse é o meu desejo;de amor em amor eu me eternizar!
Beijos e uma ótima semana a ti.
Oii Carol,
Que lindo , fico cada vez mais encantada com os poemas da Sophia de Mello...
Só o amor nos eterniza..
Aqui livre sou eu — eco da lua
E dos jardins, os gestos recebidos
E o tumulto dos gestos pressentidos
Aqui sou eu em tudo quanto amei.
lindo!!!
Bjs e uma semana maravilhosa
Marilac
Olá, Carol;
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Encontrar o Casa de Leitura, ao meu ver, foi uma das descobertas mais festejadas. Admiro e gosto muito do seu esmero nos mínimos detalhes, na escolha das matizes e das gravuras, sempre resultado de um olhar que considero peculiar para cada poema lido.
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Viu aí a nossa amiga Edna? Ela tem um faro agudíssimo para o que é verdadeiramente bom!
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Quanto aos versos de Sophia, o que dizer? Simples palavras não abrangem tanta sutileza.
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Abraços do
Carlos
E os incertos atos, que vivi e viverei...
Viver, e não ter avergonha de ser feliz...
Carol,
Lindo o poema da Sophia. Eu a conheci com o último CD da Maria Bethania, eu acho, em que ela cita vários trechos de poemas dela.
Bela citação! E ótima lembrança também do Chico, que eu venero sempre.
Um prazer ter você na Velha Casa. Apareça sempre!
Bjos,
Daniel
Adorei conhecer este blog.
Gosto muito da arte de Rebecca Dautremer e hj comprei 2 livros dela... o que me levou à pesquiza e
aqui cheguei.
Visite e seja benvinda ao meu blog http://solsantiago.blogspot.com
Muito prazer
sOL santiagO
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