Ilustração: ©Elivia Savadier
Compreende: não é a minha Ternura que te nego.
É antes, a casa que não é minha,
A liberdade que não me deram,
As horas que me arrancaram.
Minha Ternura, essa está intacta,
Ninguém a pode roubar.
É como a Casa que eu sempre sonhei,
Onde viveriam todos os Amigos,
Como a liberdade de andar pelas ruas sem tempo,
Como as horas da noite que eu guardo para os sonhos
Antes de dormir.
©Renata Pallotini
Em “Chão de Estrelas”
Marisa Monte - Vilarejo
28 maio 2008
24 maio 2008
Não adormeças
Pintura: Autoria Desconhecida
Não adormeças: o vento ainda assobia no meu quarto
e a luz é fraca e treme e eu tenho medo
das sombras que desfilam pelas paredes como fantasmas
da casa e de tudo aquilo com que sonhes.
Não adormeças já. Diz-me outra vez do rio que palpitava
no coração da aldeia onde nasceste, da roupa que vinha
a cheirar a sonho e a musgo e ao trevo que nunca foi
de quatro folhas; e das ervas húmidas e chãs
com que em casa se cozinham perfumes que ainda hoje
te mordem os gestos e as palavras.
O meu corpo gela à míngua dos teus dedos, o sol vai
demorar-se a regressar. Há tempo para uma história
que eu não saiba e eu juro que, se não adormeceres,
serei tão leve que não hei-de pesar-te nunca na memória,
como na minha pesará para sempre a pedra do teu sono
se agora apenas me olhares de longe e adormeceres.
e a luz é fraca e treme e eu tenho medo
das sombras que desfilam pelas paredes como fantasmas
da casa e de tudo aquilo com que sonhes.
Não adormeças já. Diz-me outra vez do rio que palpitava
no coração da aldeia onde nasceste, da roupa que vinha
a cheirar a sonho e a musgo e ao trevo que nunca foi
de quatro folhas; e das ervas húmidas e chãs
com que em casa se cozinham perfumes que ainda hoje
te mordem os gestos e as palavras.
O meu corpo gela à míngua dos teus dedos, o sol vai
demorar-se a regressar. Há tempo para uma história
que eu não saiba e eu juro que, se não adormeceres,
serei tão leve que não hei-de pesar-te nunca na memória,
como na minha pesará para sempre a pedra do teu sono
se agora apenas me olhares de longe e adormeceres.
©Maria do Rosário Pedreira
Em «A Casa e o Cheiro dos Livros»
16 maio 2008
Cores
Eu as coloquei meio por instinto
Para que aqueçam a morada
Façam de conta que o céu entrou
Cores
De um laranja de fim de tarde
Com barcos cinzas que acabaram de chegar
Cores
Que a menina ao piano quer fazer tocar no coração vermelho
Onde um mar azul e branco bate sem parar
Cores
Que possam abrigar meu desejo de uma morada de paz
Sonho de um lar que está sendo montado, pintado
Em cores que habitam meu coração
Cores
De minha infância colorida
Do quarto rosa das meninas
Verde da mãe e do pai
Sala azul dos domingos de frango amarelo
©Teresa Cristina Fraga de Oliveira
Esse poema é de uma amiga que mora longe, mas...
que ficou mais perto, depois que se abrigou na poesia.
12 maio 2008
MÃE
Mãe! Vem ouvir a minha cabeça a contar histórias ricas que ainda não viajei!
Traz tinta encarnada para escrever estas coisas!
Tinta cor de sangue verdadeiro, encarnado!
Eu ainda não fiz viagens
E a minha cabeça não se lembra senão de viagens!
Eu vou viajar.
Tenho sede! Eu prometo saber viajar.
Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um.
Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa.
Depois venho sentar-me a teu lado.
Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei, tão parecidas com as que não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras.
Mãe! Ata as tuas mãos às minhas e dá um nó-cego muito apertado!
Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa.
Eu também quero ter um feitio, um feitio que sirva exatamente para a nossa casa, como a mesa. Como a mesa.
Mãe! Passa a tua mão pela minha cabeça!
Quando passas a tua mão na minha cabeça é tudo tão verdade!
Almada Negreiros (1893-1970)
11 maio 2008
Mãe...
Mãe, tu estás sempre presente...
Em todos os momentos...
Seja de dor ou de alegria.
Mãe, querida mãe, sofrida...
Ignora as discriminações da vida.
Nesta terra de desamor...
Mãe é uma canção de amor...
Gravada no coração!
Mãe é carinho, mãe é flor...
Mãe é o resumo do amor maior!
Mãe, obrigado pela VIDA!!!
Sérgio Ricardo G. Tokarski
07 maio 2008
Girassol
Pintura: Claude Monet
A Liguagem das Flores
Não, o coração que amou de fato, jamais esquece,
Mas continua amando até o fim,
Como o girassol volta para o seu deus, quando ele se põe,
O mesmo olhar que lhe dirigiu quando ele nasceu.
Thomas Moore (1779-1852)
O girassol certamente tem o direito de sentir-se altivo,
pois ele é, sem dúvida, a planta mais alta do jardim.
Seu tamanho, porém não é seu único trunfo, pois cada parte
da planta é utilizada de alguma forma: as sementes para
alimentação e fabricação de óleo e sabão: as folhas e talos,
para forragem e confecção de tecidos, e até mesmo como
substitutos de para o tabaco.
O nome do gênero, Helianthus, vem de duas palavras gregas,
helius, que significa "sol", e anthos, que quer dizer "flor".
Ele foi venerado como símbolo de sol pelos Incas do Peru
e, mais tarde, pelos índios Norte-americanos. Existe uma
lenda clássica de que Clytie, uma ninfa da água, foi transformada
em girassol depois de morrer de desgosto pela traição de Apolo,
o Deus-sol.
Entre outros nomes, incluem-se margarida-do-peru e sol-índio,
mas um dos melhores é mesmo "girassol", porque as
flores de fato viram suas cabeças para seguir o curso diário
do sol de leste a oeste.
A Liguagem das Flores
Este poema e texto é parte do lindo livro
que me foi um presenteado pela Tia Loanda,
que reencontrei em Brasília, dia 05/05/2008.
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