26 setembro 2010

Não quero dinheiro



Vou pedir prá você ficar
Vou pedir prá você voltar
Eu te amo
Eu te quero bem


Vou pedir prá você me amar
Vou pedir prá você gostar
Eu te amo
Eu te adoro, meu amor

A semana inteira
Fiquei esperando
Prá te ver sorrindo
Prá te ver cantando
Quando a gente ama
Não pensa em dinheiro
Só se quer amar
Se quer amar
Se quer amar


De jeito maneira
Não quero dinheiro
Quero amor sincero
Isto é que eu espero
Grito ao mundo inteiro
Não quero dinheiro
Eu só quero amar


Te espero para ver se você vem
Não te troco nesta vida por ninguém
Porque eu te amo
Eu te quero bem


Acontece que na vida gente tem
Que ser feliz por ser amado por alguém
Porque eu te amo
Eu te adoro, meu amor


A semana inteira
Fiquei esperando
Prá te ver sorrindo
Prá te ver cantando
Quando a gente ama
Não pensa em dinheiro
Só se quer amar
Se quer amar
Se quer amar


De jeito maneira
Não quero dinheiro
Quero amor sincero
Isto é que eu espero
Grito ao mundo inteiro
Não quero dinheiro
Eu só quero amar


Vou pedir prá você gostar
Vou pedir prá você me amar
Eu te amo
Eu te adoro, meu amor


A semana inteira
Fiquei esperando
Prá te ver sorrindo
Prá te ver cantando
Quando a gente ama
Não pensa em dinheiro
Só se quer amar
Se quer amar
Se quer amar


De jeito maneira
Não quero dinheiro
Quero amor sincero
Isto é que eu espero
Grito ao mundo inteiro
Não quero dinheiro
Eu só quero amar


©Tim Maia



CANTAR em Coro o TIM é tudo de bom!!

21 setembro 2010

Certeza



Sereno, o parque espera
Mostra os braços cortados,
E sonha a Primavera
Com seus olhos gelados.


É um mundo que há-de vir
Naquela fé dormente;
Um sonho que há-de abrir
Em ninhos e sementes.


Basta que um novo Sol
Desça do velho céu,
E diga ao rouxinol
Que a vida não morreu.


©Miguel Torga


Dia da Árvore!

13 setembro 2010

Livro do Desejo

Ilustração: ©Amanda Cass

Não consigo superar as colinas
O sistema foi abaixo
Vivo de comprimidos
Coisa que agradeço a D--s


Segui o trajecto
Do caos à arte
Desejo o cavalo
Depressão a carruagem


Naveguei como um cisne
Afundei-me como uma rocha
Mas o tempo passou há muito
Pelas minhas reservas de riso


A minha página era demasiado
branca
A minha tinta era demasiado fina
O dia não quis escrever
Aquilo que a noite rabiscara


O meu animal uiva
O meu anjo aborreceu-se
Mas não me é permitida
Uma réstia de remorso


Pois alguém há-de utilizar
Aquilo que eu não soube ser
O meu coração será dela
De uma forma impessoal


Ela pisará o caminho
Perceberá a minha intenção
A minha vontade partida em duas
E a liberdade pelo meio


Por menos de um segundo
As nossas vidas colidirão
O interminável suspenso
A porta de par em par


Então ela há-de nascer
Para alguém como tu
O que nunca ninguém fez
Ela continuará a fazer


Sei que ela vem aí
Sei que ela irá olhar
E esse é o desejo
E este é o livro


©Leonard Cohen
Livro do Desejo
(edições quasi)
tradução de Vasco Gato

08 setembro 2010

Ponte dos Arcos

Fotografia: ©Manuel Oliveira


Devo ser o mesmo homem
aquele que carrega dentro de si
o que restou dos amigos
que já partiram
devo ser um passageiro em Granada
na tarde em que todos os poetas desapareceram
da face do mundo
devo ser o que se perde
mas não naufraga
num mar de avenidas
devo ser aquele que escapa
de si mesmo
e que nunca mais volta para casa
devo ser alguém
que não lembra da última noite
e dos cantores sob a luz do poste
calados
devo ser um deles
com um cigarro apagado
sentado nas pedras
olhando o mar do Caribe
devo ser o velho do barco
aquele que sempre voltou
devo ser ele
aquele mesmo menino
que monta um proto selvagem
e aposta corrida com o vento
e atravessa os dias
levitando
sobre a ponte dos arcos
e brinca de guerrilheiro
na outra margem do rio

©Lalo Arias
Em Cidade Desaparecida

Outros poemas no blog do autor:  AQUI

01 setembro 2010

Introdução à Vida Selvagem



a lanchonete fortemente iluminada
brilhando contra as pistas do aeroporto
onde você chega, malas na mão
sem conhecer ninguém.
o plástico vermelho das paredes
berrando sentenças antigas
te apontando essa noite.
uma noite como outra qualquer
de uma noite que dorme
exceto que você chegou, com um pouco de frio
caminhando entre os bancos vazios, fechando
o casaco
arrastando suas malas até um táxi cansado
que o levará através de tantas avenidas
tantas avenidas
só pra te deixar sozinho com um porteiro envelhecido de sono
que levará suas malas para o quarto
nem que tenha que mover céus e terras para isso.


não, nunca haverá uma noite como essa
em que você olha com olhos modernos para todas as coisas
e elas te olham sem revolta, esperando.
não faz muito o avião sobrevoava essa terra de bravos
a cabine cheirando a cigarro, as luzes de plástico
esse livro sempre em suas mãos
e o outro, o que você não escreveu.
não fosse tarde e ainda falaríamos de outras coisas
da cidade da qual você é dono,
do mar que cruzamos ainda há pouco, pensando em palavras
do nome que te levou através de tantas aventuras
tantas aventuras
só pra te deixar cansado numa lanchonete estranha
onde você se senta sem pressa, adiando a hora do amor.


©Roberto Motta

Introdução à Vida Selvagem
Coleção Ladrões de Fogo
Editora Outras Letras