23 maio 2010

É isso aí



É isso aí
Como a gente achou que ia ser
A vida tão simples é boa
Quase sempre

É isso aí
Os passos vão pelas ruas
Ninguém reparou na lua
A vida sempre continua

Eu não sei parar de te olhar
Eu não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não sei parar
De te olhar

É isso aí
Há quem acredite em milagres
Há quem cometa maldades
Há quem não saiba dizer a verdade

É isso aí
Um vendedor de flores
Ensinar seus filhos
A escolher seus amores

Eu não sei parar de te olhar
Não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não vou parar
De olhar

Ana Carolina e Seu Jorge

Composição: Damien Rice (vers.: Ana Carolina)

22 maio 2010

Os ombros suportam o mundo

Fotografia: ©Rogério Reis

Os ombros que suportam o mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertam ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

©Carlos Drummond de Andrade
SENTIMENTO DO MUNDO, 1935

18 maio 2010

POESIA



Valsa Brasileira

Composição: Edu Lobo / Chico Buarque

Vivia a te buscar
Porque pensando em ti
Corria contra o tempo
Eu descartava os dias
Em que não te vi
Como de um filme
A ação que não valeu
Rodava as horas pra trás
Roubava um pouquinho
E ajeitava o meu caminho
Pra encostar no teu


Subia na montanha
Não como anda um corpo
Mas um sentimento
Eu surpreendia o sol
Antes do sol raiar
Saltava as noites
Sem me refazer
E pela porta de trás
Da casa vazia
Eu ingressaria
E te veria
Confusa por me ver
Chegando assim
Mil dias antes de te conhecer

12 maio 2010

Haruo Ohara


Fotos mostram o talento de um artista agricultor


Haruo Ohara imigrou para o Brasil ainda jovem, nos início do século passado.

Como muitos japoneses que vieram para cá, escolheu a agricultura para ganhar a vida. Mas aliou o trabalho à paixão pela fotografia.

E deixou um belo registro de como viviam os imigrantes no campo naquele tempo.

No olhar do imigrante japonês, o retrato de um Brasil rural. Poesia revelada na rotina do campo.

Um cenário que o agricultor registrou com sensibilidade de artista. Atrás e diante das câmeras, em dezenas de autorretratos.

Haruo Ohara nasceu em 1909 e chegou ao Brasil com a família, 20 anos depois. No sítio em Londrina descobriu a fotografia, conciliando duas paixões. Numa hora, a enxada; na outra, câmera nas mãos.

Haruo Ohara morreu perto de completar 90 anos e que deixou quase 20 mil fotos, doadas pela família para o acervo de um instituto cultural.

Agora, uma parte desse material está de volta às origens, numa exposição cheia de surpresas e boas lembranças.

Diante das imagens, os filhos de Haruo, que serviram de modelos, relembram as cenas.

E quase 60 anos depois, Maria revê uma travessura de infância. A filha mais nova do fotógrafo é a menina que pula da escada, sombrinha na mão.

Reportagem no Jornal Nacional: HARUO OHARA

Outras Fotos

09 maio 2010

Mãe

Fotografia: Minha mãe e eu - Vitória, 1975

Minha mãe querida
minha luz que me guia,
minha flor do jardim
minha caixa de magia.

Venha uma tempestade,
venha um tufão,
eu sei que estás sempre
no meu coração.

Os teus olhos
azuis como o mar,
são quem faz da minha tristeza
umas asas para voar.

És a melhor mãe do mundo,
única e presente.
e é isso que te faz
a mãe mais reluzente.

©Inês Matos

Este lindo poema faz parte do blog: o vôo das borboletas

05 maio 2010

Fotografia

Fotografia: © Carol Timm


Olhando a foto, instantaneamente a minha vida sorriu.

Longe de lá, era como se o sorriso que eu via alumiasse tudo, de novo, aqui, o coração cheinho de cachos de ternura.

Fotografia é também um jeito de instante feliz nunca mais escapulir.

©Ana Jácomo

02 maio 2010

Los Hermanos


Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
En el valle en la montaña
En la pampa y en el mar
Cada cual con sus trabajos
Con sus sueños cada cual
Con la esperanza delante
Con los recuerdos detrás
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar


Gente de mano caliente
Por eso de la amistad
Con um lloro para llorarlo
Con un rezo para rezar
Con un horizonte abierto
Que siempre esta más allá
Y esa fuerza pa buscarlo
Con tezón y voluntad
Cuando parece más cerca
Es cuando se aleja más
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar


Y asi seguimos andando
Curtidos de soledad
Nos perdemos por el mundo
Nos volvemos a encontrar
Y asi nos reconocemos
Por el lejano mirar
Por las coplas que mordemos
Semillas de imensidad
Y así seguimos andando
Curtidos de soledad
Y en nosotros nuestros muertos
Pa que nadie quede atrás
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
Y una hermana muy hermosa
Que se llama libertad


©Atahualpa Yupanqui

01 maio 2010

Pensamento de Chico Xavier

Fotografia: Carol Timm

Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,
qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim

©Chico Xavier