30 dezembro 2006

Libação


É do nascedouro da vida a grandeza.
É da sua natureza a fartura(...)

É da vocação da vida a beleza
e a nós cabe não diminuí-la,
não roê-la com nossos minúsculos gestos ratos
nossos fatos apinhados de pequenezas,
cabe a nós enchê-la, cheio que é o seu princípio

Todo vazio é grávido desse benevolente risco
todo presente é guarnecido do estado potencial de futuro

Peço ao ano-novo
aos deuses do calendário
aos orixás das transformações:
nos livrem do infértil, da ninharia,
nos protejam da vaidade burra,
da vaidade "minha" desumana sozinha
Nos livrem da ânsia voraz daquilo que ao nos aumentar nos amesquinha.

A vida não tem ensaio mas tem novas chances

Viva a burilação eterna, a possibilidade:
o esmeril dos dissabores!
Abaixo o estéril arrependimento
a duração inútil dos rancores

Um brinde ao que está sempre nas nossas mãos:
a vida inédita pela frente
e a virgindade dos dias que virão!

Elisa Lucinda